Durante as entrevistas de percepção ambiental do projeto, diversas personalidades marcantes, que prezam pela conservação dos rios e dos peixes, foram identificadas ao longo da Bacia do São Francisco. Em geral, estas pessoas possuem grande admiração por viverem próximas ao rio e destacam a necessidade de sua preservação. Além disto, muitas destas famílias necessitam, diretamente ou indiretamente, do rio e de seus peixes para sobrevivência. Conheça estes atores importantes que transformam e fazem parte da história do Rio São Francisco e seus afluentes.

Xisto Moreira Filho nasceu, cresceu e vive na beira do Rio São Francisco, perto de sua nascente em São Roque de Minas. Na Serra da Canastra, “Zico”, como é conhecido, reside próximo à cachoeira Casca d’Anta, maior queda do São Francisco, e reconhece a importância deste rio no cenário nacional.

Whainne de Castro nasceu aos pés da Serra da Canastra em Vargem Bonita, e observa que após o fim do garimpo em 1996, os peixes aumentaram no Rio São Francisco. Um dos pioneiros do turismo ecológico na região, enfatiza que esta atividade gera renda aliada a preservação ambiental, a qual integra o homem a natureza.

Elzio Leonel da Costa mora na beira do rio São Francisco na Serra da Canastra e possui profunda admiração pela serra e pelo rio. “Seu Elzio” não troca sua moradia por nenhuma, se emociona ao retratar do São Francisco e diz que ninguém consegue ficar triste morando na beira do rio.

Gaspar dos Reis da Silva trabalha no Parque Nacional da Serra da Canastra em São Roque de Minas e cita a importância do parque para o crescimento do turismo na região. Gaspar chama a atenção para o Rio Samburá, verdadeira nascente geográfica do São Francisco e que possui grande riqueza de peixes.

Francisco Lopes de Oliveira é morador da comunidade de Inhames, pertencente ao município de Santana do Pirapama. “Chiquinho” mora há décadas na beira do Rio Cipó, possui grande admiração pelo rio, que o inspira a tocar diversas músicas com sua sanfona.

Messias Gomes Costa conhece como poucos o Rio Cipó e seus peixes na área rural (Capão das Guaribas) de Jaboticatubas, e relata que este rio sempre abrigou muitas espécies. Mas atualmente se preocupa com o futuro do rio devido aos impactos oriundos da rápida urbanização na região turística da Serra do Cipó.

Morador da comunidade do Xirú, na área rural de Jaboticatubas, Fábio José Batista é um curioso observador da natureza. Conhece com detalhes a ecologia e o comportamento de várias espécies de peixes, e destaca a preservação das matas ciliares para a manutenção dos peixes no Rio Cipó, entre eles a pirapitinga, espécie vulnerável de extinção.

Reinaldo Soares da Silva possui um restaurante na beira do Rio Cipó na área rural de Santana do Pirapama, mas faz questão de preservar os peixes e proíbe a pesca no local. Como resultado, os exuberantes peixes no rio atraem turistas para o comércio de Reinaldo, criando uma relação harmoniosa entre o homem e o peixe.

Noberto Antônio dos Santos mora, desde que nasceu, na beira do Rio São Francisco em Três Marias. Profundo conhecedor do rio e dos seus peixes, Noberto defende, com boas ideias, a conservação do São Francisco e os pescadores que dele dependem para sobreviver. É considerado um dos pescadores mais experientes do Rio São Francisco em Minas Gerais.

Pescador profissional, Pedro Júnior Rodrigues navega desde menino no Rio São Francisco em Três Marias. “Júnior” ressalta a importância do Rio Abaeté na região, afluente do São Francisco que serve como rota migratória para peixes de piracema, tais como o dourado e o surubim.

Terezinha de Jesus Pereira Soares, mais conhecida como “Terezinha Babau” em Buritizeiro, já pescou  com o marido para ajudar na criação da família. Há décadas possui um bar na beira do Rio São Francisco e observa que, atualmente, muitos peixes chegam mortos rio acima devido a poluição das águas.

José Maia é pescador profissional em Pirapora, passa semanas pescando e diz que já viu o caboclo d’água, uma criatura misteriosa que habita a margem dos rios. “Zé Maia” destaca a necessidade de preservação das lagoas marginais do São Francisco, consideradas berçários naturais dos peixes.

Lúcia de Fátima Ferreira dos Santos é moradora da comunidade de Travessão de Minas, no município de São Francisco, no norte do estado. Lúcia criou a família com o peixe do Rio São Francisco, depende dele para sobrevivência e possui uma grande consciência ambiental. Sabe que precisa do Rio São Francisco íntegro para manutenção dos peixes.

José Aparecido Nunes Rocha, pescador profissional em Januária, relata a dificuldade em sobreviver apenas do pescado nos dias de hoje. Neste sentido, ressalta a importância do cultivo de alimentos durante a vazante do rio para a segurança alimentar de muitas famílias na região.

Dermírio Reginaldo Santos Ferreira, ou apenas “Dé Pacamã”, também criou os filhos com os peixes do São Francisco em Januária. Passa meses inteiros pescando e morando em uma ilha no rio, e durante a proibição da pesca, planta mandioca, abóbora, moranga e outros vegetais para consumo.

Danilo Gomes da Rocha, integrante da Colônia de Pescadores em Januária, destaca que a união dos pescadores é fundamental para assegurar os direitos da classe. Danilo observa que a quantidade de peixes na região está intimamente relacionada a conservação das águas e matas ciliares do Rio São Francisco.