O dourado (Salminus franciscanus) da Bacia do Rio São Francisco pode atingir 1,4 metros de comprimento e alcançar os 30 kg de peso corporal, sendo o peixe mais cobiçado pela pesca esportiva e a segunda espécie mais importante economicamente nesta bacia. Seu nome popular é reflexo da típica coloração amarelo-alaranjada, realçada pelo brilho característico nas escamas e cabeça, exibida pela espécie.
O dourado é um típico habitante da calha dos rios. Embora indivíduos de pequeno e médio porte corporal também se façam presentes em grandes áreas de remanso, os maiores exemplares habitam preferencialmente o canal principal dos rios, demonstrando forte atração por trechos próximos a corredeiras. De hábito estritamente carnívoro, se alimenta basicamente de peixes sobre os quais investe com extrema força e velocidade. Sua reprodução normalmente ocorre entre novembro e fevereiro, estando intimamente vinculada a estação chuvosa. É considerada uma espécie típica de piracema, uma vez que realiza grandes deslocamentos rio acima para se reproduzir e, em alguns casos, uma única fêmea pode liberar 2,5 milhões de ovos durante uma única desova.
Tradicionalmente apelidado de rei do rio, o dourado pede socorro, uma vez que sua população encontra-se em declínio em vários trechos da Bacia do São Francisco, incluindo o segmento localizado entre sua nascente e a barragem de Três Marias em Minas Gerais. Dentre as principais causas responsáveis por este declínio destacam-se a implantação de barramentos que inevitavelmente diminuem, ou mesmo interrompem o fluxo migratório, e a supressão das lagoas marginais, consideradas habitats essenciais para o desenvolvimento das larvas e alevinos.