O projeto Peixes de Água Doce desenvolve uma pesquisa para conhecer melhor a percepção ambiental da população ribeirinha em relação ao Rio Grande e seus peixes. Para isso, pesquisadores estão coletando dados através da aplicação de questionários com os ribeirinhos ao longo deste rio em Minas Gerais. Até o momento, foram realizadas 51 entrevistas na nascente, 50 no alto e 72 no médio Rio Grande. Os resultados preliminares desta pesquisa estão revelando informações importantes que podem ser utilizadas para subsidiar a conservação dos recursos naturais deste rio.
Apesar de morarem até no máximo 1 km de distância do rio, a maior parte dos entrevistados, em todas as regiões, afirmou que não utiliza o rio para pescar. Dentre os que utilizam, a maioria usa a pesca como atividade recreativa. O alto Rio Grande foi a região que apresentou mais ribeirinhos que costumam pescar no rio, especialmente a jusante da Usina Hidrelétrica do Funil. Esta região também apresentou a maior frequência de pesca, com grande parte dos moradores realizando esta atividade mais de uma vez por semana.
A maioria das pessoas entrevistadas, em todas as regiões, relatou que não depende do Rio Grande para sua subsistência. Entre os que dependem, muitos justificam esta afirmativa pelo fato de utilizarem o rio para abastecimento de água. Principalmente no alto e no médio Rio Grande, os ribeirinhos costumam utilizar o rio para exercer atividades de lazer como nadar, pescar e passear.
Em todas as regiões, a grande maioria dos entrevistados afirmou que observa impactos antrópicos sobre o Rio Grande e seus peixes. O impacto mais comum na região da nascente é o despejo de lixo e esgoto sem tratamento no rio. Nas demais regiões, além do despejo de lixo e esgoto, os moradores indicaram também os impactos provenientes do assoreamento e das barragens de usinas hidrelétricas ao longo do rio. De acordo com as entrevistas, a maioria das pessoas considera que, caso estes impactos continuem ocorrendo, o rio e os peixes irão acabar.
Todos os ribeirinhos entrevistados consideram fundamental preservar o Rio Grande, pois segundo eles, é importante preservar o meio ambiente em que vivem para que sejam mantidos os recursos naturais, como a água e o peixe, e consequentemente, a sobrevivência da população. Na região da nascente, muitos moradores sugeriram o tratamento do esgoto, atividades de educação ambiental para conscientização da população e fiscalização da pesca como medidas para preservação do rio e dos peixes. Nas demais regiões, além dessas medidas citadas, moradores também sugeriram a diminuição do número de usinas hidrelétricas implantadas no Rio Grande.
Os resultados preliminares da pesquisa realizada com os moradores ribeirinhos do Rio Grande mostram que a maior parte dos entrevistados tem consciência da importância do rio e dos peixes e também de sua preservação. Os resultados também mostraram que os ribeirinhos percebem os impactos negativos que atingem o rio, e que estes impactos aumentam ao longo de seu curso.