Entre os meses de setembro/2013 a outubro/2014 foram realizadas 12 campanhas a campo para os três pontos de amostragem localizados no Rio Grande em Minas Gerais. Ao todo, foram conduzidas 120 horas de observações subaquáticas e registradas cerca de 40 espécies de peixes. Durante os mergulhos técnicos foram documentados, em vídeos de alta definição, diversos aspectos ecológicos e comportamentais da fauna de peixes observada.

A – Ponto amostral na cabeceira do Rio Grande em Bocaina de Minas; B – Ponto amostral no alto Rio Grande em Ribeirão Vermelho; C – Ponto amostral no médio Rio Grande em São José da Barra; D – Preparação para o mergulho; E – Mergulho livre; F – Mergulho autônomo

A – Ponto amostral na cabeceira do Rio Grande em Bocaina de Minas; B – Ponto amostral no alto Rio Grande em Ribeirão Vermelho; C – Ponto amostral no médio Rio Grande em São José da Barra; D – Preparação para o mergulho; E – Mergulho livre; F – Mergulho autônomo

Na cabeceira do Rio Grande, ocorrem espécies de pequeno porte corporal, não-migradoras e que geralmente dependem de itens alimentares provenientes do meio terrestre, como insetos, frutos e sementes, para alimentação. Uma exceção é a presença da truta-arco-íris, espécie exótica predadora introduzida acidentalmente devido ao cultivo nesta região. Neste ponto, lambaris e mocinhas exibem comportamento alimentar oportunista para captura de itens alimentares carreados pela correnteza em ambientes de águas rápidas.

Espécies de peixes observadas na cabeceira do Rio Grande: A - Lambari-do-rabo-vermelho (Astyanax fasciatus); B - Lambari (Astyanax scabripinnis); C - Mocinha (Characidium cf. fasciatum); D - Truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss)

Espécies de peixes observadas na cabeceira do Rio Grande: A – Lambari-do-rabo-vermelho (Astyanax fasciatus); B – Lambari (Astyanax paranae); C – Mocinha (Characidium aff. zebra); D – Truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss)

O alto Rio Grande, mais precisamente a jusante da UHE Funil, apresenta uma diversificada ictiofauna, pois além dos peixes de pequeno porte, ocorrem espécies migradoras, de grande porte e interesse comercial, como o dourado e a curimba. Neste local, cardumes mistos de diferentes espécies de piaus são formados no fundo do rio para melhor proteção contra predadores, especialmente o dourado. O trecho lótico remanescente nesta área favorece o crescimento de perifíton (composto por organismos vegetais e animais) associado às rochas, que serve de alimento para várias espécies, como canivete, charuto, piaus e curimba.

Espécies de peixes observadas no alto Rio Grande: A - Flamenguinho (Leporinus octofasciatus); B - Charuto (Parodon nasus); C - Dourado (Salminus brasiliensis); D - Timburé (Leporinus striatus); E - Piau-rola (Leporellus vittatus); F - Piau-três-pintas (Leporinus friderici); G - Canivete (Apareiodon affinis); H - Traíra (Hoplias malabaricus)

Espécies de peixes observadas no alto Rio Grande: A – Flamenguinho (Leporinus octofasciatus); B – Charuto (Parodon nasus); C – Dourado (Salminus brasiliensis); D – Timburé (Leporinus striatus); E – Piau-listrado (Leporellus vittatus); F – Piau-três-pintas (Leporinus friderici); G – Canivete (Apareiodon affinis); H – Trairão (Hoplias intermedius)

No médio Rio Grande a jusante da UHE Furnas, apesar do rio possuir maior largura e profundidade, ocorrem principalmente espécies de pequeno porte, não-migradoras e que cuidam da prole, incluindo diversos peixes exóticos, como tilápias e tucunarés. A fauna de peixes neste local é fortemente influenciada por fatores antrópicos, tais como interrupção da migração reprodutiva por barragens e introdução de espécies. Nesta área, os ciclídeos, compostos pelos carás, tilápias e tucunarés, exibem um complexo comportamento social e de cuidado da prole diante predadores. Os bancos de vegetação aquática no rio apresentam várias espécies que compartilham o habitat, entre elas o pacu-prata, os ciclídeos e os lambaris. O cascudo-abacaxi e o mandi-amarelo foram observados em meio ao substrato pedregoso no fundo do Rio Grande.

Fig 4 (2)

Espécies de peixes observadas no médio Rio Grande: A – Tucunaré-amarelo (Cichla kelberi); B – Cará (Geophagus brasiliensis); C – Pacu-prata (Myleus tiete); D – Cardume de tilápias, cará e pacu-prata em banco de vegetação aquática; E – Cascudo-abacaxi (Megalancistrus parananus); F – Mandi-amarelo (Pimelodus maculatus)

A pesquisa de história natural dos peixes pretende fornecer informações sobre a distribuição, ecologia e biologia comportamental das espécies do Rio Grande. A documentação audiovisual dos peixes é importante para sensibilizar o público do projeto devido ao grande apelo visual destes animais, estimulando o conhecimento e a afeição para com as espécies e seus ambientes. Além disto, os vídeos subaquáticos e o conteúdo associado de ecologia e comportamento dos peixes subsidiam as atividades de educação ambiental e as diversas ferramentas didáticas e de comunicação do projeto.